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Nunca é tarde para estender a mão

  • André Ridão
  • 4 de ago. de 2016
  • 2 min de leitura

Lourdes Maria é uma senhora dona de um olhar sorridente. Aos 72 anos se dedica a uma atividade pouco convencional. Algumas pessoas trabalham por dinheiro, fama, estabilidade social, status. Ela quer apenas gastar tudo o que arrecada com quem precisa, “Se eu parar eu fico bem nervosa, então fazendo isso eu to sempre lutando pros pobres”.

Há 22 anos Dona Lourdes se integrou à associação religiosa “Conferências Vicentinas” da igreja São José Operário, no jardim Leonor, zona oeste da cidade. Estas conferências foram criadas para auxiliar leigos que se dedicam a realizar iniciativas que atenuem o sofrimento dos próximos mais desfavorecidos mediante trabalho coordenado. Depois de 10 anos no grupo, Dona Lourdes Maria percebeu que precisava mudar de rumo, “quando trabalhava lá eu fiquei muito sozinha, distância da igreja, sem companhia”.

Em casa, após deixar o serviço social que fazia, ela começou a vender umas roupas usadas, doações de familiares. Aos poucos percebeu que aquele trabalho poderia ajudar a comprar um remédio para quem não tinha condições, a pagar uma viagem hospitalar de emergência para algum necessitado. Aquilo foi crescendo e ela aprendeu a gerenciar uma mini loja sem fins lucrativos no quintal da própria casa. “Tudo o que eu ganho com as roupas que vendo aqui eu uso pra comprar remédios e cadeiras de rodas pra quem precisa”. Sem saber como transformar aquilo em um trabalho mais sólido, foi conversar com o presidente das “Conferências Vicentinas” que lhe ajudou com treinamento, dicas de gestão e muito apoio. Desde 2011 Dona Lourdes recebe doações de bazares beneficentes de algumas igrejas, pessoas sensibilizadas com seu trabalho e até de comerciantes, deixando tudo disponível para quem quiser comprar. Hoje ela tem centenas de assessórios e peças masculinas e femininas em geral. As roupas mais caras custam no máximo 6 reais.

Em 5 anos com este trabalho Lourdes Maria conseguiu comprar até agora 135 cadeiras de rodas (cada uma ao preço médio de 400 reais). Todas tiveram um destino nobre, algumas foram doadas para instituições de saúde como o Hospital do Câncer de Londrina, asilos e para os próprios deficientes que não tinham condições de comprá-las. Custeou viagens emergenciais, remédios caros, tudo para quem batesse na sua porta pedindo ajuda. Para ela todo esse dinheiro foi o mais bem gasto possível.

Sua mão é estendida com facilidade aos pobres, mas sozinha ela pode pouco. Contra o sofrimento e a solidão, ela está sempre de portas abertas na Rua Caviúna N° 402 à espera de uma conversa, um pedido, uma doação. Lourdes Maria Ridão é uma senhora que fala através de atos e mostra através de fatos que ainda há tempo de partilhar, de acolher e de agir para o bem comum, por uma cidade melhor.

 
 
 

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