Os ataques da cultura estética

O bullying é um tema que sempre gerou uma grande polêmica. E nos dias atuais tomou a proporção de uma epidemia. Ele gera grandes discriminações em pessoas que não se enquadram nos padrões impostos pela sociedade. É um dos vilões da adolescência. Pesquisas feitas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) revelam que quase 30% dos estudantes brasileiros, que pratica ou sofre a violência, caracterizada por agressões verbais ou físicas. Um em cada cinco jovens na faixa dos 13 aos 15 anos pratica bullying contra colegas no Brasil.

Como resposta da presença do bullying nas escolas, a Instituição Abrace criou Programas Preventivos, promovendo a melhoria nas relações interpessoais que se estabelecem em diversos ambientes como escolas, empresas e órgãos públicos. Escola Sem Bullying é um projeto de ação interdisciplinar que busca de forma didática, informar e conscientizar o aluno a respeito do bullying e suas consequências, propagando assim justiça, conhecimento e consciência moral em uma sociedade mais real e solidária. Além disso, tem como meta tornar a prática do bullying intolerável em sua escola, assim como despertar no aluno a sensação de cuidado e segurança.

Temos como exemplo disso a estudante do ensino médio Juliana, uma garota que desde pequena sofreu as ações do bullying devido ao seu excesso de peso. Na adolescência foi o período em que sofreu a maioria dos ataques. Na escola seus colegas sempre faziam brincadeiras de mau gosto, como colocar apelidos maldosos, gerando ainda mais trauma.

Com as ações do bullying, Juliana entrou em um período de depressão, marcado com crises emocionais e existenciais. Tudo isso fez com que ela mudasse radicalmente seus hábitos alimentares. Passou a diminuir a quantidade de alimentos, até um momento em que seu organismo rejeitava qualquer tipo de refeição.

Dois anos atrás, percebendo mudanças drásticas na vida da filha, seus pais sentiram a necessidade de leva-la à internação. Juliana relata que ainda está em um período de recuperação, com o tratamento em andamento.

A adolescente espera mudanças na visão da sociedade a respeito dessa e de outras questões que geram o bullying. Não apenas Juliana sofre com questões da imposição estética. No mercado da moda podemos ver a grande força da exigência da magreza. O governo da França, país-sede das maiores grifes e revistas de moda do mundo, assinou uma lei que proíbe modelos muito magras em desfiles e campanhas. As modelos só poderão trabalhar se o Índice de Massa Corporal (IMC) estiver dentro do proposto por autoridades de saúde e do Ministério do Trabalho.

Paralelamente , na área da publicidade , temos Olivero Toscani , um artista consagrado de campanha publicitárias , devido ao seu tratamento por temas tabus presentes na sociedade. Com olhar crítico e criatividade, seus trabalhos levantam grandes polêmicas na sociedade, fazendo com que a população reflitam sobre discriminações e preconceitos.

Em 2007, na campanha para a marca de roupa italiana No-I-ita , Olivero Toscani , usou imagens fortes que chocaram o público. O alvo desta vez era a anorexia . ”Há anos me ocupo do problema de anorexia. Quem são os responsáveis? No geral, os meios de comunicação, a televisão, a moda. Eu quis despertar as pessoas para as consequências desta doença que atinge cada vez mais manequins”. Toscani utilizou a imagem de uma modelo e atriz francesa “Isabelle Caro” que sofria de anorexia já com 13 anos de idade, e faleceu em 2010 com 28 anos.

As fotos para a No-l-ita causaram indignação e revolta entre pacientes e a opinião pública. Foi proibida pela entidade que disciplina o setor de publicidade que a considerou uma violação de código e regras do setor.

Independente da polêmica, a campanha de Toscani levantou a questão que é considerada por muitos um problema de saúde pública. E este tipo de interferência é fundamental para que não deixemos de discutir o assunto.

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