A economia que faz toda diferença
- Rafaela Gil Ribeiro
- 9 de jun. de 2016
- 4 min de leitura

O direito ao trabalho é garantido pelo artigo 6º da Constituição Federal de 1998. Mas será que esse direito está sendo mesmo assegurado para toda população?
Com as desigualdades sociais cada vez mais decorrentes, é comum percebermos o aumento das taxas de desemprego. E em diversas situações, o problema não é por conta do número de ofertas de trabalho, mas pela quantidade de pessoas que não conseguem atender as demandas do mercado. Lidamos com um mercado de trabalho cada vez mais severo e exigente. Contudo, será que todos os indivíduos possuem acesso as mesmas oportunidades?
Vivemos ainda em uma sociedade segregacionista, que excluí pessoas do mercado de trabalho por escolaridade, produtividade, idade e condições socioeconômicas. É uma injusta realidade que afeta milhões de brasileiros, não garantindo os direitos essenciais de qualidade de vida e a valorização do cidadão.
O Programa Municipal de Economia Solidária em Londrina, presente na cidade desde 2005, enxerga o cidadão londrinense com olhos diferentes. Com ideais que visam o reconhecimento do trabalhador e da sua realidade local, o programa é um conjunto de atividades econômicas de produção, consumo e distribuição, realizadas solidariamente de forma coletiva e de autogestão.
A Economia Solidária se espalha pelas regiões de Londrina. Atualmente, há 49 empreendimentos de produção, aproximadamente 200 pessoas envolvidas. O Programa possui dois pontos de comercialização, o Centro Público de Economia Solidária, que fica na avenida Rio de Janeiro e a Casa da Economia Solidária Café e Arte localizada na Praça 7 de Setembro, que foi inaugurada em novembro de 2015, quando o Programa completou 10 anos de na cidade.
Os produtos de empreendimentos da Economia Solidária podem ser adquiridos além dos espaços fixos, nas feiras itinerantes, com um calendário para o ano todo em diversos pontos da cidade. Há parcerias do Programa com as Universidades da cidade, que permitem a realização das feiras em seus espaços. A Universidade Estadual de Londrina, abre as portas para o Economia Solidária realizar suas feiras no Restaurante Universitário, na Reitoria e no CESA (Centro de Estudos Sociais Aplicados).
Solidariedade e a cooperação são palavras que destacam o objetivo do Economia Solidária. O trabalho dos empreendimentos é coletivo e visa a inclusão de todas as pessoas nos benefícios de desenvolvimento de sua comunidade ou território. Os indivíduos devem estar envolvidos com o grupo buscando sempre o aperfeiçoamento constante de sua formação,estabelecendo consensos e apoio mútuo. A autonomia é outro fator importante, reservando a independência sobre qualquer tipo de centralização de poder, ou seja, não existem hierarquias, todos são iguais.
A gerente de Inclusão Produtiva Nelma Liberato, que integra o Economia Solidária em Londrina desde 2006, conta que a maioria das pessoas que procuram os serviços e políticas do Programa são mulheres. “O CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) é a porta de entrada para as mulheres no programa, que muitas vezes ao buscarem assistência familiar, são encaminhadas para participarem. Mas também há muita procura espontânea, através da divulgação das mídias, das feiras e dos pontos fixos de comercialização dos produtos, que acabam fazendo as pessoas se interessarem pela forma de organização de trabalho’’, comenta Nelma.
Os empreendimentos que cumprem todas as etapas que envolvem a criação de um planejamento de negócio solidário e coletivo, recebem o benefício do Programa no início de suas atividades e até mesmo no decorrer, com o suporte de matéria prima para produção. Em contrapartida solidária, os trabalhadores do empreendimento, tem o direito de compartilhar parte de seu conhecimento e suas experiências em benefícios do fortalecimento dos demais empreendimentos da Economia Solidária.
São realizadas oficinas que visam abordar a importância do consumo solidário, consciente e crítico. Analisar a fonte do produto e seus meio de produção é essencial para incentivar a consciência ambiental, evitar a colaboração com práticas que exploram mão de obra e gerar a inclusão e promoção de oportunidades para pessoas que moram na região de Londrina. “As oficinas são importantes, porque além da divulgação do Programa, há conscientização para o consumo dos produtos, que envolvem questões de respeito ao meio ambiente, do preço justo, da valorização do trabalho humano e da geração de trabalho e renda para os cidadãos do município. É importante que o lucro adquirido fique com os produtores locais, precisamos dar prioridade para as pessoas que estão perto de nós”, reforça Nelma.
Todos os trabalhos realizados são artesanais, sendo produzidos exclusivamente pelos integrantes do empreendimento, que é orientado a respeito de reciclagem, descarte correto e reaproveitamento de materiais, como tecidos, por exemplo. São produzidos produtos de gênero alimentício (geleias, café, licores, bolachas e tortas), vestuário (camisetas, calças e pijamas), diversas peças para uso domiciliar (tapetes, panos de cozinha e almofadas), dentre muitos outros, todos confeccionados manualmente.
O Programa também oferece monitorias para a qualificação de determinada atividade, caso o empreendimento deseje ampliar e especializar sua produção. “A lógica do mercado, que exige determinada capacitação e experiência pra inserção, é diferente da lógica da Economia Solidária. Para nós, o que conta são as experiências de vida e a valorização do desejo de cada trabalhador”, acrescenta Nelma.
Que tal fazer parte de tudo isso também? Visite um dos pontos de comercialização!
Centro Público de Economia Solidária
Av. Rio de Janeiro, 1.278 – esquina com a avenida JK.
Das 9h às 17h30, de segunda à sexta-feira.
(43) 3378-0577 - (43) 3378-0434.
Casa da Economia Solidária Café e Arte
Praça Sete de Setembro, esquina com a rua Professor João Cândido e avenida São Paulo.
De segunda a sexta-feira, das 8h30 às 18 horas e aos sábados, das 8h30 às 13 horas.
(43) 3378-0423.
Alguns produtos que podem ser encontrados nos dois pontos comerciais da Economia Solidária:






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